quinta-feira, 12 de julho de 2012

Escola e família, quem é o vilão?

Opinião: Escola e família, quem é o vilão?
*Antonio Mourão Cavalcante. Médico, antropólogo e professor universitário.

Não é producente estar discutindo de quem é a culpa do fracasso na difícil tarefa de educar. A escola ou a família?

Os que atribuem à família logo apontam a situação caótica porque passa a “célula mãe” da sociedade. A família estaria sem rumo. Aumentam as separações e os filhos abandonados. Os pais que se envolvem totalmente na tarefa de correr atrás do sustento do grupo. Não há mais tempo para os filhos. Mesmo a mulher deve trabalhar e contribuir com o orçamento familiar. Os filhos ficam entregues à própria sorte. Em outros casos, o pai foi destituído de sua autoridade de chefe. Os valores assimilados pelas crianças vêm da rua e da televisão, que só ensinam o que não presta...

Os que atribuem o fracasso à escola, logo mencionam a negligência. Períodos enormes de greves. Falta de verbas para educação. Nem o piso salarial oficial os professores recebem. Descaso. Não é prioridade. O tempo na escola é reduzido. Brasil, raro caso no mundo, onde a escola funciona apenas em um turno. Sem falar das ameaças externas: a violência e as drogas. Os mestres são insultados. Aluno virou cliente ou cinicamente designado como “nosso parceiro”.

Pensar dessa forma deve ser extremamente inquietante. Desesperador. Mas, é assim que muitas pessoas acreditam e repetem, sem refletir.

A família passa por uma crise. Ela busca novos modelos. Tenta compor outros cenários. Múltiplos arranjos, onde o fundamental continua sendo: o locus da experiência necessária do amor. Isto é, a família é o espaço onde devemos nos inaugurar no humano. Na vivência básica do humano: amar e ser amado. O líder desse núcleo não precisa ser alguém que se impõe pela força, mas que exercita e lembra a necessidade de aplicarmos e vivermos o consenso para que possamos viver bem e em harmonia.

A escola precisa estar mais próxima e aberta. Ela precisa ser em tempo integral, com movimentos de articulação com a comunidade. Um lugar de aprender e conviver. Construir amizades. Exercitar a solidariedade. Não apenas instruir, mas despertar nos jovens o interesse pela vida, pelos outros e pelo mundo...  

Dica aos pais e professores

Briga familiar sempre foi algo que resultou em estresse infantil. Dificilmente vemos uma criança normal, sem problemas como a depressão, se vivenciou as brigas de seus pais diversas vezes. Se a criança está acostumada a ver os pais sempre unidos, se beijando, abraçados, e unidos, brigas podem assustar de uma forma gigantesca as crianças, não me refiro a discussões comuns, pois isso é normal ocorrer nos relacionamentos amorosos, uma vez ou outra, mas brigas feias, com palavrões, agressões, ameaças, enfim, pode resultar em sérios problemas.
O bom é evitar discutir com seu parceiro em frente das crianças, mesmo que sua vontade seja de “fazer a cobra fumar”. Pense primeiramente em seus filhos, pois afinal de contas os pais devem ser os exemplos para as crianças. Sem levar em conta que brigas nunca resolvem nada, muito pelo contrario, acaba magoando o companheiro, pois a cabeça vai estar quente, e as palavras serão ditas da boca para fora. Então seja uma pessoa centrada, não faça nada sem pensar duas vezes, afinal a serenidade é algo extremamente necessário na vida das pessoas.

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