domingo, 2 de março de 2014

Olá colegas, demorei, mas voltarei a postar assuntos pertinentes à nossa rotina escolar.

Encontrei esta atividade que vem como uma luva para o momento que vivemos(cassações, corrupção, política oportunista e etc, além de estarmos em um ano eleitoral). Poderá ser trabalhada em qualquer área, principalmente na área de Humanas. Usem e abusem!!!

Tema: A importância do voto e de ser cidadão em um Brasil de Corrupção

JUSTIFICATIVA 
Tendo nascido no mundo grego e sendo fruto da busca de explicações para a 
origem das coisas, a Filosofia desde o início debruçou-se sobre os temas políticos. A 
organização social e política dos gregos sempre despertou reflexões e propostas dos 
primeiros filósofos. 
Platão e Aristóteles foram homens que viveram num determinado contexto 
social e político e deixaram suas impressões sobre questões sociais e políticas. Assim, a 
filosofia não surgiu desvinculada do mundo concreto. É a partir da realidade que 
surgem os sistemas filosóficos. 
Com o passar do tempo, esta inserção da filosofia e de seus filósofos nas 
realidades sociais e políticas continuará caracterizando a evolução do pensamento 
filosófico. De tal maneira que todos os grandes nomes da filosofia apresentaram suas 
considerações sobre Política e Sociedade, dos primórdios da filosofia até os dias atuais.

ENCAMINHAMENTO METODOLÓGICO 
 
a) Mobilização 
A atividade poderá ser iniciada com a leitura do texto “Sobre farinhas do 
mesmo e de outros sacos”, de Roberto Pompeu de Toledo 
Texto no final da página). O professor/a poderá fazer os seguintes 
questionamentos: Por que não contribui para o bom funcionamento da democracia a 
idéia tão brasileira de que todos os políticos são iguais? 
 
b) Problematização 
Enquanto problematização o professor/a poderá fazer os seguintes 
questionamentos: Que acontece a essa invenção humana para tornar-se um fardo de 
que gostaríamos de nos livrar? De onde deriva a imagem da política como um poder do 
qual somos vítimas tolerantes? 

c) Investigação 
O desenvolvimento teórico poderá ser feito principalmente a partir de textos da 
Antologia de Textos Filosóficos: 
http://www.educadores.diaadia.pr.gov.br/arquivos/File/cadernos_pedagogicos/cadern
o_filo.pdf. Os textos que poderão subsidiar a investigação são os de Aristóteles (A 
Política) e Rousseau (Segundo discurso e Contrato Social). 
 
d) Criação de conceitos 
A percepção das diferentes concepções políticas e principalmente o contato 
direto com a fonte do problema em questão, por parte do estudante, possibilita o 
exercício de leitura do texto filosófico, requisito básico para que também se exercite na 
indispensável produção escrita em torno das reflexões realizadas. O objetivo central 
deste trabalho é fazer com que os estudantes possam ascender a uma concepção 
melhor elaborada relativa à política. 

ATIVIDADES E EXERCÍCIOS 
Uma sugestão de atividade é uma visita de campo aos três poderes instalados 
em seu município. Os estudantes poderiam entrevistar agentes do poder executivo: 
prefeito ou secretários; os vereadores no legislativo e o Juiz da comarca ou o promotor 
representantes do judiciário no município. 
 
AVALIAÇÃO 
A avaliação tem como papel central oferecer subsídios e quando 
necessário redirecionar o processo de ensino-aprendizagem. É importante ressaltar 
que a avaliação não tem como objetivo descobrir a quantidade de 
informações referentes a este ou aquele pensador o estudante foi capaz de “guardar”, 
decorar. Em. O valor da avaliação está na possibilidade de que o estudante 
possa fazer uma experiência com conceito, isto é, a possibilidade de encontrar as ideias 
implícitas nos discursos, de apreender conceitos e construir seus próprios conceitos. 
O processo avaliativo deverá levar em questão os seguintes itens: 
quais conceitos e discursos o estudante tinha antes de iniciar o estudo do tema e quais 
conceitos e discursos criou após o estudo dos conceitos relacionados ao conhecimento 
em Aristóteles e Rousseau.

ANEXO 
 
Sobre farinhas do mesmo e de outros sacos 
 
Não contribui para o bom funcionamento da democracia a ideia tão brasileira de que 
os políticos são todos iguais 
 
São todos iguais. Farinha do mesmo saco. 
É assim que o eleitor brasileiro, com frequência, se refere aos políticos. Seriam 
todos uns a cara esculpida e escarrada dos outros. Fazem promessas vãs. Eleitos, dão 
as costas ao eleitorado. Só se importam com os próprios interesses. E roubam, roubam. 
Se são todos iguais, como escolher entre um e outro? Como decidir em quem votar? 
Aliás, para que votar? A crença no "são todos iguais", muito partilhada no Brasil, é na 
verdade uma das principais responsáveis pelo mau funcionamento da democracia no 
país. 
O comentário vem a propósito do escândalo que envolve a administração da 
cidade de São Paulo. A partir do gesto destemido de uma professora de ginástica, que 
se recusou a pagar a propina exigida pelos fiscais da prefeitura para autorizar o 
funcionamento de sua academia e os denunciou, veio à tona todo um lamaçal de 
falcatruas, com ramificações em múltiplos cantos do Executivo municipal, passagem 
importante pela Câmara dos Vereadores e ímpeto que ameaça mesmo a cadeira do 
prefeito. Ao leitor de outros Estados o assunto pode parecer distante, mesmo o de São 
Paulo pode não se ter dado conta do tamanho do problema, mas a esta altura é 
permitido afirmar que o caso se equipara aos escândalos Collor-PC, Anões do 
Orçamento ou Precatórios. A maior cidade do país, ficou-se sabendo, era uma Chicago 
entregue a Al Capone, Bagdá abandonada a Ali Babá, Jerusalém doada aos incréus. E, 
diante dessa tenebrosa realidade, quais foram as reações? Duas foram muito comuns, 
a saber: 
1. Sempre foi assim; 
2. Todo governo faz isso.
O "sempre foi assim" refere-se ao fato de sempre ter havido fiscais que exigem 
propinas. Certo, mas isso não impede que o fenômeno conheça variados graus de extensão, que os fiscais ajam mais ou menos à vontade segundo a leniência dos chefes 
e que o problema assuma proporções máximas quando se recobre, como é o caso, de 
formas institucionalizadas de planejamento das roubalheiras, arrecadação das 
prebendas e distribuição dos butins. O "todo governo faz isso" refere-se à questão, 
central no caso presente, de o prefeito ter entregue a vereadores o controle das 
chamadas administrações regionais. Certo, até na Alemanha, onde o Partido Verde 
ocupa alguns ministérios em troca do apoio ao governo social-democrata, se faz isso. A 
diferença é que em São Paulo a divisão obedeceu menos a esse padrão, ou mesmo ao 
padrão tradicional do patrimonialismo brasileiro, do que àquele pelo qual os bicheiros, 
no Rio de Janeiro, dividem as zonas da cidade. 
O "sempre foi assim" refere-se ao fato de sempre ter havido fiscais que exigem propinas. Certo, mas isso n�o impede que o fen�meno conhe�a variados graus de extens�o, que os fiscais ajam mais ou menos � vontade segundo a leni�ncia dos chefes e que o problema assuma propor��es m�ximas quando se recobre, como � o caso, de formas institucionalizadas de planejamento das roubalheiras, arrecada��o das prebendas e distribui��o dos butins. O "todo governo faz isso" refere-se � quest�o, central no caso presente, de o prefeito ter entregue a vereadores o controle das chamadas administra��es regionais. Certo, at� na Alemanha, onde o Partido Verde ocupa alguns minist�rios em troca do apoio ao governo social-democrata, se faz isso. A diferen�a � que em S�o Paulo a divis�o obedeceu menos a esse padr�o, ou mesmo ao padr�o tradicional do patrimonialismo brasileiro, do que �quele pelo qual os bicheiros, no Rio de Janeiro, dividem as zonas da cidade.
O "sempre foi assim" e o "todo governo faz isso", nem seria preciso acrescentar, servem de defesa aos implicados, direta ou indiretamente. "Todo fiscal � corrupto", disse, com a habitual imprud�ncia verbal, o ex-prefeito Paulo Maluf, chefe do partido e patrono �ltimo da turma do esc�ndalo. Os vereadores contemplados com o loteamento das administra��es regionais t�m se defendido com o "todo governo faz isso".
Tanto o "sempre foi assim" como o "todo governo faz isso" remetem ao axioma-m�e segundo o qual os pol�ticos s�o todos iguais. Se n�o se acreditasse que todos s�o iguais, n�o se acreditaria que sempre foi assim nem que todo governo faz isso. Ora, acreditar que os pol�ticos s�o iguais �, ao mesmo tempo, uma impossibilidade l�gica e uma ren�ncia de direitos. Impossibilidade l�gica porque nunca duas pessoas, mesmo que profissionais da mesma atividade, ou membros da mesma corpora��o, s�o iguais. Os advogados n�o s�o todos iguais, nem os pedreiros, nem mesmo os bandidos. � uma ren�ncia de direitos porque o cidad�o que assim pensa mentalmente rasga o t�tulo de eleitor. Se � tudo igual, para que votar? O cidad�o em geral acredita que os pol�ticos s�o iguais de boa-f�, mas com isso acaba fazendo o jogo dos piores. S�o eles os principais interessados em que se acredite que "� tudo farinha do mesmo saco".
O quadro que se revela em S�o Paulo � obra de um grupo espec�fico, que j� h� dois mandatos toma conta da cidade e agora tem suas v�sceras expostas. Um membro desse grupo, o vereador Wadih Mutran, ao ser entrevistado no programa Opini�o Nacional, da TV Cultura de S�o Paulo, defendeu o colega Vicente Viscome, preso na semana passada, com o argumento de que Viscome � t�o rico que "nem precisava ser vereador". Eis um cacoete de linguagem que vale por uma confiss�o. "T�o rico que nem precisava..." Isso revela uma concep��o segundo a qual vai para a pol�tica quem precisa ainda enriquecer. O que ocorreu na cidade n�o ocorreu porque todos s�o assim, mas porque eles, os atuais detentores do poder municipal, s�o assim. Trata-se de um grupo que, a cada elei��o, costuma dizer-se renovado, convertido dos pecados da vez anterior, mas que, a cada nova oportunidade, mostra-se, ele sim, mais igual ainda a si mesmo. Construir uma democracia sup�e saber distinguir diferen�as. Come�aremos a construir a nossa quando deixarmos de acreditar que � tudo a mesma coisa.